Eu tô indo embora, viu Carol?
Eu não aguento mais ser tratado desse way Eu vou embora.
Só para você saber, eu tô falando sério. Tá?
Quando eu digo que eu vou embora, é porque eu vou embora.
No momento que eu atravessar aquela porta, não tem mais volta.
Caso você tenha a dúvida "será que ele está indo embora?". Sim, é verdade.
Eu minto? Sou uma pessoa que eu minto?
Oi? Chamou ou não? Era um grunt só, né? Não? Não era... Não tinha grunt Eu ouvi um grunt
Nada, né? Tá, só evita grunhir. Tá? Porque às vezes eu acho que é "volta".
Então evita. Não fala nada que é para eu não achar que é para eu voltar.
A não ser, claro, se você quer que eu volte. Se quer que eu volte, é só falar que eu volto.
Mas aí fala uma coisa: "volta". Nada, né?
Até eu chegar lá na porta, tem volta. Depois é que não tem mais.
Nada? Eu vou abrir a porta, hem Carol Abri a porta, hem Carol Oh, eu tou saindo, hem Carol
Não tem mais volta. Depois que eu atravessar isso aqui, não tem volta.
Não atravessei ainda, não. Mas tá quase. Tô atravessando, Carol. Tô mais para lá do que para cá, hem Carol Aqui, oh.
Oitenta por cento meu já foi aqui. Ah, mas tem vinte por cento ainda.
Ah, só uma coisa. Talvez estejas te perguntando, tipo:
"a maioria dele já saiu, então não adianta eu chamar que ele não vai voltar". Mas eu volto.
É inteiro que vale. Ou seja, tem jogo. Se chamar, eu volto.
Perdoar não sei. Talvez perdoe, vamos ver, mas eu volto. Nada, né? Eu vou embora.
Talvez você não esteja vendo, mas o meu pé tá aqui ainda. Meu pé tá para dentro. Tá?
Ou seja, tem volta. Se chamar, eu volto. Tá? O meu pé aqui, oh. Nada?
Agora é sério. Não que antes não fosse, mas agora é. Agora eu tô indo.
Tchau.
Carlos!
Oi?
Sua carteira.
